quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Millennium-series/2011 Paris (Disney) – sentir…

Não entendo, aliás, não suporto os jogadores que saem de um terreno de jogo derrotados, mas com um sorriso no rosto, como se nada de transcendente tivesse acontecido.





“Encravo” com aqueles jogadores que entram na “arena”, com agua nas veias, sem a mínima tensão e “morrendo” uma e outra vez da mesma forma.

Muitas vezes penso, “como é possível aquele back player não entender, que cada saída fácil, cada tiro no vl aos 10 segundos de jogo, traduz-se no extermínio do seu front player, acompanhado de inúmeras “medalhas” no corpo”.

Outras vezes reflicto, “que front player é aquele… que num obstáculo chave, não atinge adversários, duvido até, que tendo o arco-íris por alvo ele o consiga alvejar. Claro, isto resulta uma e outra vez numa equipa em posições ofensivas que rapidamente se torna numa equipa em modo defensivo”.

Estamos a falar de jogadores sem sentimentos, não sentem a derrota, não sentem o erro, não sentem nada.


Deveria ser claro para todo jogador, que é muito melhor arriscar coisas grandiosas, mesmo expondo-nos a duras derrotas, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota.

Nesta última prova do MS, na fantástica Disney, os Metralhas Porto foram representados por 4 jogadores da segunda equipa (Silver), dos quais 2 jogavam a menos de um ano e no formato 5 man, 2 jogadores da equipa principal (Gold) e mais um, praticamente retirado das lides na “arena”.





Era uma excelente equipa? equilibrada sim, excelente ainda não.


Era uma equipa experiente nestas lides? exceptuando 2 elementos, claramente não.


Era uma equipa equilibrada, unida e preparada para sentir e corrigir? sem lugar a dúvidas, sim.



Bom… já continuaremos com esta aventura dos Metralhas Porto, antes disso e resumidamente, irei contar-vos o que senti com os jogos que vi;




Art Chaos Moscow, jogaram num campo ofensivo, deram recital, poderiam fazer mais 10 jogos seguidos que não sairiam derrotados de Paris.



Fedorov, jogou claramente para as câmaras e para as marcas, Jersey diferente, marcador diferente… deu show. Digamos que é o Cristiano Ronaldo do Paintball.



Toulouse Tontons, deu-me gosto ver uma equipa “latina” a jogar sem medo e olhos nos olhos contra qualquer adversário. Estive com especial atenção ao promissor Axel Gaudin, mas desta vez foi zero do lado da cobra, fugiu a procura de melhor sorte para as chamuças e mais uma vez nada. Fico algo desiludido quando um jogador com características específicas, em vez de enfrentar os problemas na sua posição natural, tenta a sorte noutras posições que não domina.




Pela positiva, fiquei impressionado com o Loic Voulot.



San Diego Dynasty, jogaram sempre na contra, os russos fizeram deles gato e sapato nas meias-finais.




Lang… contra os Moscow, jogou na tentativa de fechar o jogo; não o conseguiu e infelizmente não vi nada de fantástico.



O nosso Benfica, no primeiro jogo não funcionaram (exceptuando o Ossos), nos restantes foram dignos vencidos, lutando sempre até a exaustão e praticando um óptimo paintball.




Ossos… lutou muito, jogou muito, excepcional ponto ganho ao Maloy!.



Não tive oportunidade de ver, com a atenção que elas merecem, as restantes equipas portuguesas… exceptuando, claro está, a equipa que integrei (Metralhas Porto).

Voltemos, então, aos Metralhas Porto;



No primeiro dia, jogamos contra os Avignon Old Company (Franceses), team work não existiu, o lado da cobra não funcionou, derrota 4-2 contra uma equipa inferior.


Ainda, no primeiro dia… segundo jogo e agora defrontamos as Poison Ivy Drammen (norueguesas), que devido a lesões de algumas jogadoras só apresentaram 4 elementos em campo. Jogar pior do que o fizemos era impossível, estávamos mais preocupados em eliminar adversários do que propriamente jogar em equipa, as decisões dos back players eram as piores e os front pouco se aguentavam em campo. Assim, a única nota positiva foi termos ganho.

Pertíssimo de sermos eliminados e a praticar um jogo horrível, revimos tudo, incidindo principalmente no campo e na atitude!

Segundo dia e já um jogo decisivo, ou ganhávamos ou íamos para as bancadas ver jogos. Os London Defiance (ingleses), na minha opinião, eram a equipa mais difícil do grupo, sétimos na geral, treinados pelos London Nexus, dois jogadores na selecção sub-19 da Inglaterra e já tinham arrecadado um 2º lugar em Longchamp.


Ganhamos 4-0 sem dar a mínima hipótese, foi o jogo onde praticamos o nosso melhor paintball e onde fomos uma equipa compacta, com pontas a serem verdadeiros snipers e muito bem acompanhados pelos backs que funcionaram como excelentes guarda-costas.

Foi neste jogo, que o Tiago Teixeira decidiu assumir as rédeas e o domínio do jogo, velocidade e qualidade de tiro impressionantes.

Já nos last 32 enfrentaríamos os Newport Laysick Vip, tinham arrecadado um óptimo 6º lugar no MS de Londres e o pouco que consegui ver desta equipa inglesa é que eram inteligentes, coesos, mas também, muito lentos.



Valorizo sempre uma equipa pelo seu conjunto, mas nunca escondo, que certos jogadores têm faculdades que os tornam imprescindíveis para decidir os jogos mais importantes. Não faço ideia se foram as palavras do dia anterior, exigindo muito mais dele, ou a vontade interior de mostrar a tudo e todos o seu real valor, que levou o Tiago a fazer - nesse dia - exibições extraordinárias.








Agora e recordando-o em slow motion, os movimentos eram sempre suaves e perfeitos como uma pena, que de um momento para o outro se transformava numa flecha que atingia os adversários após ouvirem um sibilar.


Sempre com o controlo do jogo, derrotamos os Newport (4-1), apareceram erros no nosso lado da cobra, mas que foram colmatados e muito bem por um Foka sempre atento e inteligente e um Pedrosa seguro nas movimentações. Assim e com a nossa flecha do lado das chamuças, chegamos aos last 16.

Disputamos este jogo ao fim da tarde e no campo de CPL, contra um adversário com nome de restaurante Francês, Le Chambon Sur Lignon.

“Malta, desfrutem do jogo, olhem para o campo onde vamos jogar e para as bancadas, muitas equipas que jogam a muitos anos, nunca colocarão os pés num campo de CPL”… foi com isto que fomos combater “Les enfant de la patrie”.








O primeiro ponto foi claramente para os franceses, a nossa cobra não funcionava, e também não fechávamos com eficácia a deles… uma autêntica auto-estrada, entraram também no segundo ponto e 2-0, ainda por cima começaríamos o terceiro ponto com 4 jogadores.



Usamos o senso comum e passamos a cobrir a base do lado da cobra, com 4 jogadores decidimos jogar sem B e apostar muito no pré do Ivo que usaria um tiro cruzado para os obstáculos que apoiavam a cobra dos franceses… pré excelente, Tiago a desbravar a zona das chamuças e assim fizemos o 2-1.



Como no que resulta não se mexe, tornamos a repetir a graça e empatamos 2-2, tendo o Ivo a apoiar na primeira fase de jogo o lado da cobra, só tínhamos o Tiago para 2 e as vezes 3 franceses… e lá ia ele, como se de um treino se tratasse, fazendo-os desaparecer do mapa.



Quinto ponto em disputa, arrancamos desorganizados e duplicando obstáculos que não faziam sentido, oferecemos o 3-2.



Sexto ponto… era de noite, os holofotes estavam ligados, havia alguma gente nas bancadas… sorrio… estamos 4 Metralhas para 2 “Chambon”, visiono o quadro, faltam 3 minutos e alguns segundos para acabar o jogo, está feito, vamos empatar.



Acompanhem em slow motion, o Eduardo entra na cobra, o Foka toma a Torre dos 50, o Ivo esta na segunda chamuça e o Tiago está posicionado atrás dele, os franceses ficam em 1 e 2 a cruzar.



O Foka tenta guerrear e morre, o Eduardo fica sem marcador e o Ivo sai dumpado, o Tiago ainda elimina o francês que marcou o nosso chamuças…
Um para um… é então que a velocidade da luz passam na minha cabeça todos os 1 para 1 que o Tiago tinha feito esta época e dos quais não tinha ganho nenhum.



Ambos nos 50 do campo, o Francês fica sem ar e o Tiago sem bolas… desatam a correr, ouve-se uma buzina, não é perceptível quem ganhou, ganhamos? Perdemos? Pode-se empatar?





Perdemos por milésimos de segundo…, alguns dos mais novos choraram, alguns dos mais velhos, fizemos por não chorar, mas o que é certo é que todos sentimos a derrota.














Uma equipa feita a pressa, com elementos de equipas diferentes, mas tendo por fio condutor o clube que os une, conseguiu sentir a vitória e a derrota! Só é possível evoluir sentindo a dor do esforço, só é possível vencer, tendo passado pela derrota.





Uma grande equipa, quando resiste as grandes derrotas dos momentos decisivos, resiste a tudo, doa o que doer.





To be continued

3 comentários:

Alex disse...

Comovente, não estive lá mas tenho a sensação de ter sentido uma parte do que vocês viveram ao ler... Parabéns, adorei!!!
#54

Raúl Tavares disse...

Obrigado Alex, tens que vir no próximo MS. Bemvindo ao Tinta Lusa.

Abraço,
Raúl

Alex disse...

Sou leitor assíduo já à muito tempo, do tintalusa, paintballpanorama e diadetinta, dá gosto ver gente a escrever assim sobre Paintball em Portugal!