quinta-feira, 29 de outubro de 2009

ESTATUIR A MELHOR AVENTURA (4)

Deixem-me partilhar a história de um homem que fracassou nos negócios com 21 anos, foi derrotado numa eleição legislativa com 22 anos, fracassou outra vez nos negócios com 24 anos, ultrapassou a morte da sua amada aos 26 anos, teve uma depressão nervosa com 27 anos, perdeu uma eleição para o congresso com 34 anos, perdeu – novamente – uma eleição para o congresso com 36 anos, perdeu uma eleição para o senado com 45 anos, fracassou na tentativa de se tornar vice-presidente com 47 anos, perdeu – mais uma – eleição para o senado com 49 anos…

No entanto, foi eleito presidente dos Estados Unidos com 52 anos…
O nome deste homem era Abraham Lincoln.

Quero com isto dizer, que somos frequentemente apanhados na armadilha mental de pensar que as pessoas de enorme de sucesso chegaram onde chegaram porque têm um dom ou algo espiritual. Contudo, um olhar mais de perto mostra que o maior dom que as pessoas de grande sucesso têm a mais do que as vulgares é possuir instintivamente uma grande capacidade de agir.
Instinto? Sim, do latim instinctu, é algo inato ao ser vivo, um tipo de inteligência no seu grau mais primitivo. Ele guia o homem e os animais que possuem um grau mais elevado na sua trajectória pela vida, nas suas acções, visando justamente a preservação do ser. Os instintos são adquiridos nas experiências vividas, no confronto com determinadas situações e nas respostas a elas, e então herdados pelas gerações posteriores. Eles se manifestam nos homens, na maior parte das vezes, através das reacções a certas emoções.

Perfil tipo dos jogadores; escolher jogadores é escolher instintos…antes de escolher os mais elevados tecnicamente, os velozes como trovões ou os que vos parecem ter um estilo de jogo espectacular, definam a vossa base (a quem fale muito em núcleo duro) com aqueles que possuem um instinto natural para a acção e o esforço; é nessas duas palavras que devemos ter à volta de – no mínimo - 40% dos jogadores.

Jogadores que não tenham medo de fracassar e que estejam dispostos a dar o exemplo… sempre… mesmo quando as coisas não correm bem.

Dentro deste lote, certifiquem-se que obtêm experiência o que normalmente acarreta know-how na metodologia de jogo e treino que queremos aplicar.

Agora, já temos um tronco forte e robusto com motivadores e persistentes estrategas, é a vez de aplicar sólidas ramas.

Na minha opinião a técnica deve ser acompanhada de uma boa energia (vitalidade física), velocidade e coordenação motora, procurem bases rápidos, cobras ultra-sónicos e muito técnicos… especializem os vossos jogadores, devem ter noção de como se joga em qualquer posição, mas tem que ter como alvo ser os melhores numa delas.

Se esta equipa se apaixonar pela organização e pela gestão desportiva do grupo, estarão apaixonados pela camisola, sim, as camisolas são as pessoas que as vestiram e as pessoas que as vestem com todo o projecto que elas representaram e representam.

É a paixão que leva as pessoas a ficar acordadas até tarde e a acordar cedo, é a paixão que leva os gritos de guerra a ouvirem-se!

Basicamente o que fizemos neste inicio de viagem foi simples… decidir o que realmente queremos; e, decidir que preço estamos dispostos a pagar para fazer com que aconteça, resta depois, pagar esse preço.

Sou fã da acção e da operacionalidade das e nas “coisas”, gosto de chamar às pessoas que sabem o que querem e que estão dispostas a pagar o preço necessário para o conseguir “as poucas que fazem” versus “as muitas que falam”.

“Se fizeres o que sempre fizeste, obterás o que sempre obtiveste” (anónimo)

Informação+acção = sucesso


To be continued

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ESTATUIR A MELHOR AVENTURA (3)




“Sob a direcção de um forte general, não haverá jamais soldados fracos” (Sócrates).


Capitão; em circunstâncias de carácter “amador” a escolha do capitão é fundamental, já que é a ele que lhe cabem deveres muito mais abrangentes do que em circunstâncias mais “profissionalizadas”.

Assim, este capitão é um gestor (operacional), psicólogo, treinador e jogador.

Mais uma vez, a nossa escolha deve ser a resposta a uma questão; que tipo de liderança desejamos para nossa equipa? Ou, recuando mais um pouco, que modelos de liderança existem e qual a que desejamos.

Liderança é o processo de conduzir um grupo de pessoas, transformando-as numa equipa que gera resultados. É a habilidade de motivar e influenciar os liderados, de forma ética e positiva, para que contribuam voluntariamente e com entusiasmo para alcançarem os objectivos da organização.

Estilos de Liderança;

Liderança autocrática: Na Liderança autocrática o líder é focado apenas nas tarefas. Este tipo de liderança também é chamada de liderança autoritária ou directiva. O líder toma decisões individuais, desconsiderando a opinião dos liderados.

Liderança democrática: Chamada ainda de liderança participativa ou consultiva, este tipo de liderança é voltada para as pessoas e há participação dos liderados no processo decisório.

Liderança liberal ou Laissez faire: Laissez-faire é a contracção da expressão em língua francesa laissez faire, laissez aller, laissez passer, que significa literalmente "deixai fazer, deixai ir, deixai passar". Neste tipo de liderança as pessoas tem mais liberdade na execução dos seus projectos, indicando possivelmente uma equipe madura, auto-dirigida e que não necessita de supervisão constante. Por outro lado, a Liderança liberal também pode ser indício de uma liderança negligente e fraca, onde o líder deixa passar falhas e erros sem corrigi-los.

Liderança paternalista: O paternalismo é uma atrofia da Liderança, onde o Líder e a sua equipa têm relações interpessoais similares às de pai e filho. A Liderança paternalista pode ser confortável para os liderados e evitar conflitos, mas não é o modelo adequado num relacionamento profissional, pois numa relação paternal, o mais importante para o pai é o filho, incondicionalmente. Já em uma relação profissional, o equilíbrio deve preponderar e os resultados a serem alcançados pela equipa são mais importantes que um único indivíduo.

A estas eu adicionaria outra com as seguintes características: um líder focado nas tarefas, que toma decisões com há participação dos liderados e que superintende as tarefas delegadas com alguma liberdade. Chamar-lhe-ia, Liderança auto-democrática-liberal, sendo neste cocktail que recairia a minha escolha.

No que concerne ao nosso espaço (Portugal), verifico que dominam os tipos de liderança autocrática e liberal. A autocrática trará muitas vezes as famigeradas expressões auto comiseradoras - “ele tem algo contra mim” – “ele faz o que quer” – “ele decide mal”, no que se refere a liderança liberal as expressões serão qualquer coisa como - “ele não quer saber” – “ele não decide” – “ele não faz nada”.

É exactamente no inicio de cada manifestação, ou seja no “ele”, que reside o problema, a liderança não pode residir num “ele” o culpado da derrota ou da vitória não pode ser – nunca – um “ele”.

A parte gestora do capitão deve presentear os seus “soldados”, com regras pré-estabelecidas que desoneram o “ele” da toma de decisões que influenciam directamente a parcela emocional dos jogadores. A regra é clara e todos optamos por ela, não foi “ele” que tomou a decisão, entendido?

Agora, este capitão terá espaço para preocupar-se com a parte emocional da equipa (no entender de muitos, responsável em 90% dos casos vitoriosos) é o estado emocional que indicará que tipo treinos deverá efectuar e quando, que tipo de jogadores deverá utilizar em cada momento e que tipo de liderança deverá abordar nesse tempo... porque existem circunstâncias que obrigam a uma postura autocrática e até paternalista.

To be continued

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

ESTATUIR A MELHOR AVENTURA (2)

Antes de abordar os três próximos itens, gostaria de deixar claro que na metodologia de treino os atletas exercitam qualquer acto técnico aliviados da componente esforço de jogo o que desvirtua a acomodação do gesto técnico, adquirido e cimentado numa determinada base de disponibilidade psicofísica, que não obtêm a transposição mais eficaz para o contexto de jogo.

Embora não sendo possível engendrar em treino a pressão psicológica da competição – esta uma outra condicionante de grande relevo – o exercício específico da concretização deve ser realizado após trabalho táctico intenso, ou outro onde a componente de esforço é exacerbada, de modo a forjar um contexto semelhante ao do jogo o que vêm a melhorar de forma sensível o rendimento dos gestos técnicos quando em situação real.

Obviamente que faculdades como a superação, ambição o suportar a pressão psicológica e a solidariedade, devem ser obtidas no perfil tipo dos jogadores (entenda-se na escolha dos jogadores), para posteriormente serem trabalhadas e intensificadas. É extremamente difícil criar estas capacidades em quem não possui propensão para as mesmas.

Metodologia de jogo e treino que queremos aplicar; existem imensas e divergentes opiniões sobre que tipo de jogo é o mais efectivo, aqui irei expor a minha opinião seguindo o caminho traçado até agora... simples e claro.

Ganha-se mais vezes atacando, mas para chegar a ter um jogo rápido, de ataque fluído e letal, teremos primeiro que passar pelos seguintes patamares; vejamos o que dizem os espertos nesta matéria…

Se tivermos que atribuir uma importância funcional diferenciada ela recairá por certo no apuro técnico-táctico por ser o eixo fundamental do jogo e o motor de desempenho essencial da equipa em campo.

Hoje em dia as novas modas continuam a ditar as suas regras, porque há sempre alguém que se revolta contra os consensos instituídos, criando uma nova ordem que fará escola e nova razão, até que outro “revolucionário” se decida a romper o alinhamento da última certeza e procure instituir outra.

No fundo, o paintball não diverge muito da evolução natural das coisas, onde o que hoje é verdade amanhã é mentira, ou no mínimo, menos verdade.

Sem pretendermos revolucionar o que quer que seja, atrevo-me a percorrer um espaço de transcendente importância e nesse sentido, sujeito a uma enorme multiplicidade de opiniões, conceitos e preconceitos.

Refiro-me à metodologia do treino técnico-táctico, ou seja, a determinação dos melhores caminhos que hão-de conduzir os atletas à compreensão e integração dos elementos de trabalho propostos ao longo de semanas e meses, tornando possível exprimir posteriormente o jogo na sua globalidade, segundo as ideias e os conceitos do treinador.

Algumas regras que aqui se pretendem abordar são aplicáveis quer à condição técnica quer ao entrosamento táctico, até porque a primeira cabe na segunda, colhendo dessa sobreposição múltiplos benefícios.

Aqui há tempos fui assistir a um treino de uma equipa, entre vários exercícios desenvolvia-se um em que alguns jogadores progrediam desenhando um determinado esquema pré determinado e de belo efeito visual. O exercício desenvolvia-se em grande velocidade com os jogadores a percorrerem, numa corrida desenfreada, um figurino previamente traçado, sem qualquer oposição, terminando com disparos a alvos. Registe-se que, mesmo sem oposição, os alvos muitas vezes não eram abatidos… Esta última e estranha circunstância fica, em parte, a dever-se a rotinas e evoluções simplificadas, onde as propostas de trabalho se resumem a memorizar percursos e a uma diminuta participação activa na representação criada.

O “novo” caminho deverá ser… sempre… o treino recriar o jogo real. Deveremos sempre treinar com oposição.

Não raras vezes se podem observar evoluções de jogadores em treino mais parecendo uma coreografia muito bem articulada, deixando no ar apenas o desejo ardente de que a mesma se repita no próximo jogo, mas desta vez por entre os adversários que, infelizmente, não se disporão a fazer figura de espectadores, nem muito menos dispostos a apreciar o “espectáculo”.
Salvo raras excepções de componente técnica muito específica e precisa, nenhum exercício que envolva apuramento táctico ou técnico colhe resultados se for esquematizado e exercitado sem a componente de oposição imprescindível à sua consolidação. (Pedro Cabrita)

Desta forma algo extensa cabe-nos retirar o seguinte, base essencial técnica: snap-shooting, disparar e carregar, slides e wrapping, treino em modo de competição (com adversário) e com controlo de tempos. Isto, num modelo primário deve servir de apoio para posteriores treinos que incidam sobre técnicas consoante a posição de jogo.
Base essencial táctica: posições de jogos (base, distribuidor, médio e ponta) com atribuição do que são as suas obrigações inerentes. Comunicação e codificação. Procura e alocação do tipo de jogador que desejamos em cada posição, quero bases rápidos? Tenho um cobra que permita num determinado ponto efectuar “cobra directo”? onde quero alocar os jogadores mais experientes?

Sistema de jogo, apesar de adaptado para cada jogo ou para cada campo, tenho as posições básicas preenchidas por jogadores com as devidas competências? Somos capazes de alterar o tipo de jogo consoante o ponto e as necessidades do mesmo (agressivo, rápido, lento, técnico…)?

Predominância de jogo, a minha equipa consegue alterar facilmente a predominância do seu jogo (Chamuças, cobra, M…)?
Cobertura de jogo, os jogadores sabem quando e como devem cobrir o campo (linhas, cruzado)?
Lembrem-se “A melhor improvisação é aquela que é melhor preparada”.




to be continued