quinta-feira, 1 de outubro de 2009

ESTATUIR A MELHOR AVENTURA (2)

Antes de abordar os três próximos itens, gostaria de deixar claro que na metodologia de treino os atletas exercitam qualquer acto técnico aliviados da componente esforço de jogo o que desvirtua a acomodação do gesto técnico, adquirido e cimentado numa determinada base de disponibilidade psicofísica, que não obtêm a transposição mais eficaz para o contexto de jogo.

Embora não sendo possível engendrar em treino a pressão psicológica da competição – esta uma outra condicionante de grande relevo – o exercício específico da concretização deve ser realizado após trabalho táctico intenso, ou outro onde a componente de esforço é exacerbada, de modo a forjar um contexto semelhante ao do jogo o que vêm a melhorar de forma sensível o rendimento dos gestos técnicos quando em situação real.

Obviamente que faculdades como a superação, ambição o suportar a pressão psicológica e a solidariedade, devem ser obtidas no perfil tipo dos jogadores (entenda-se na escolha dos jogadores), para posteriormente serem trabalhadas e intensificadas. É extremamente difícil criar estas capacidades em quem não possui propensão para as mesmas.

Metodologia de jogo e treino que queremos aplicar; existem imensas e divergentes opiniões sobre que tipo de jogo é o mais efectivo, aqui irei expor a minha opinião seguindo o caminho traçado até agora... simples e claro.

Ganha-se mais vezes atacando, mas para chegar a ter um jogo rápido, de ataque fluído e letal, teremos primeiro que passar pelos seguintes patamares; vejamos o que dizem os espertos nesta matéria…

Se tivermos que atribuir uma importância funcional diferenciada ela recairá por certo no apuro técnico-táctico por ser o eixo fundamental do jogo e o motor de desempenho essencial da equipa em campo.

Hoje em dia as novas modas continuam a ditar as suas regras, porque há sempre alguém que se revolta contra os consensos instituídos, criando uma nova ordem que fará escola e nova razão, até que outro “revolucionário” se decida a romper o alinhamento da última certeza e procure instituir outra.

No fundo, o paintball não diverge muito da evolução natural das coisas, onde o que hoje é verdade amanhã é mentira, ou no mínimo, menos verdade.

Sem pretendermos revolucionar o que quer que seja, atrevo-me a percorrer um espaço de transcendente importância e nesse sentido, sujeito a uma enorme multiplicidade de opiniões, conceitos e preconceitos.

Refiro-me à metodologia do treino técnico-táctico, ou seja, a determinação dos melhores caminhos que hão-de conduzir os atletas à compreensão e integração dos elementos de trabalho propostos ao longo de semanas e meses, tornando possível exprimir posteriormente o jogo na sua globalidade, segundo as ideias e os conceitos do treinador.

Algumas regras que aqui se pretendem abordar são aplicáveis quer à condição técnica quer ao entrosamento táctico, até porque a primeira cabe na segunda, colhendo dessa sobreposição múltiplos benefícios.

Aqui há tempos fui assistir a um treino de uma equipa, entre vários exercícios desenvolvia-se um em que alguns jogadores progrediam desenhando um determinado esquema pré determinado e de belo efeito visual. O exercício desenvolvia-se em grande velocidade com os jogadores a percorrerem, numa corrida desenfreada, um figurino previamente traçado, sem qualquer oposição, terminando com disparos a alvos. Registe-se que, mesmo sem oposição, os alvos muitas vezes não eram abatidos… Esta última e estranha circunstância fica, em parte, a dever-se a rotinas e evoluções simplificadas, onde as propostas de trabalho se resumem a memorizar percursos e a uma diminuta participação activa na representação criada.

O “novo” caminho deverá ser… sempre… o treino recriar o jogo real. Deveremos sempre treinar com oposição.

Não raras vezes se podem observar evoluções de jogadores em treino mais parecendo uma coreografia muito bem articulada, deixando no ar apenas o desejo ardente de que a mesma se repita no próximo jogo, mas desta vez por entre os adversários que, infelizmente, não se disporão a fazer figura de espectadores, nem muito menos dispostos a apreciar o “espectáculo”.
Salvo raras excepções de componente técnica muito específica e precisa, nenhum exercício que envolva apuramento táctico ou técnico colhe resultados se for esquematizado e exercitado sem a componente de oposição imprescindível à sua consolidação. (Pedro Cabrita)

Desta forma algo extensa cabe-nos retirar o seguinte, base essencial técnica: snap-shooting, disparar e carregar, slides e wrapping, treino em modo de competição (com adversário) e com controlo de tempos. Isto, num modelo primário deve servir de apoio para posteriores treinos que incidam sobre técnicas consoante a posição de jogo.
Base essencial táctica: posições de jogos (base, distribuidor, médio e ponta) com atribuição do que são as suas obrigações inerentes. Comunicação e codificação. Procura e alocação do tipo de jogador que desejamos em cada posição, quero bases rápidos? Tenho um cobra que permita num determinado ponto efectuar “cobra directo”? onde quero alocar os jogadores mais experientes?

Sistema de jogo, apesar de adaptado para cada jogo ou para cada campo, tenho as posições básicas preenchidas por jogadores com as devidas competências? Somos capazes de alterar o tipo de jogo consoante o ponto e as necessidades do mesmo (agressivo, rápido, lento, técnico…)?

Predominância de jogo, a minha equipa consegue alterar facilmente a predominância do seu jogo (Chamuças, cobra, M…)?
Cobertura de jogo, os jogadores sabem quando e como devem cobrir o campo (linhas, cruzado)?
Lembrem-se “A melhor improvisação é aquela que é melhor preparada”.




to be continued

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