quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O JOGADOR – cometa ou estrela?

Há jogadores que, inesperadamente, nos tocam o coração e a razão de uma forma especial. E que subtilmente conseguem levar-nos a perspectivar o jogo de muitas outras formas.

Descentramo-nos então, daquilo que habitualmente somos e percepcionamos o jogo com um novo olhar... Tenho reforçado a minha consciência acerca dos jogadores Estrela...

Assim, organizo os jogadores em 2 grandes grupos: jogadores Cometa e jogadores Estrela.


Os Cometas, passam por nós em breves instantes; a sua presença, apesar de visível, não marca a vida de quem com eles se cruza.

Os jogadores Estrela, por seu lado, são luz, calor, vida! São presença viva, com quem se pode contar, mesmo nos momentos sombrios. São jogadores que conciliam a razão com a emoção de forma exímia.

Por muito que observe, não encontro muitos jogadores Estrela, talvez eu esteja ofuscado pela luz dos Cometas, ou então, os jogadores Estrela são realmente escassos...

Os jogadores Cometas quando aparecem, por breves momentos, conseguem reunir multidões de pescoço arqueado e olhos no céu, são contemplados, aplaudidos e depois… morrem. As multidões regressam a casa e no futuro ninguém se lembrará da data e nome do Cometa.

Os jogadores Estrela, estão sempre presentes, as vezes não os vemos ou porque as nuvens não deixam ou porque muitos estão distraídos a espera de um cometa, mas todos sabemos que eles estão aí.

O nome deles perdura, as datas mais significativas ficam gravadas, passam de geração em geração e nos momentos mais difíceis aparecem e guiam-te.

Apesar de não reunir multidões, são olhados por uns a procura de paz, por outros a procura de inspiração e o mais incrível é que gostam da companhia de outras estrelas, que coabitam no mesmo espaço de forma ordeira e com o seu próprio brilho.

Os Cometas são fugazes, querem o brilho todo para eles e seguem sempre a direcção que querem... claro, as vezes batem contra estrelas, planetas ou até mesmo contra outros Cometas e aí… desfazem-se.

E tu! és o que?


To be cotinued

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

CAMPEONATO NACIONAL – O mais nacional de sempre

Portugal tem uma área total de 92.090 km2, dividido em 18 distritos, mais os arquipélagos da Madeira e os Açores.

Estimasse que a população seja de 10.700.000 habitantes, o distrito de Lisboa possui 2.200.000 habitantes, seguido pelo do Porto com 1.900.000 habitantes, Aveiro com 800.000, Leiria com 500.000 e Faro com 450.000.

Estou-vos a falar unicamente nestas zonas geográficas porque serão elas as representadas no próximo campeonato nacional 2011 (1ª divisão), o mais nacional de sempre.


Esta época, que findou (2010 – 1ª divisão), apresentava (como tem sido apanágio nos últimos anos) a distribuição das equipas na seguinte forma:


Lisboa dominava claramente, representada pelo S.L.B, Trolls, S.C.P e Belenenses, seguida pelo Porto que sempre foi representado pelos Metralhas, dando passo ao Algarve que tinha dado entrada neste escalão a 2 anos com 2 equipas das quais só sobreviveram os Azimut. Aveiro e Leiria entraram este ano com Beira Mar e União de Leiria…


A próxima época (2011 – 1ª divisão) arrancará da seguinte forma:






Lisboa terá a mesma representatividade que Porto e a incrível Leiria, Aveiro e Algarve mantêm o que tinham.

Tudo isto poderá suscitar as seguintes questões:


Pela positiva, o que se tem vindo a fazer em Leiria, Paintland um exemplo a seguir, União uma equipa ou um clube?

Pela negativa, o que esta a acontecer em Lisboa? nunca o X-ball teve tantos torneios/fornecedores nesta zona.

Porto e Faro, são o que são, derivado ao bom trabalho de Metralhas e Azimut? no caso de uns sem apoio no norte na vertente competição (x-ball) e no caso de outros claramente com apoios na competição tanto interna como externa.


Aveiro, consolida um excelente Beira Mar, com um rooster também ele nacional… onde se encontram jogadores de todo o país, será este o futuro?

“A olho nu”, parece que a vertente clube (Metralhas, Paintland, Azimut) faz pela sua zona de residência e tenta alargar o nosso desporto captando e fazendo escola, será?

Outra vertente é a de equipa, onde é clara a aposta no rooster sem dar importância a identidade ou génese, é verdade?

Que isto dava um lindo debate dava… afinal o número de habitantes ou a riqueza intrínseca há uma zona, não são pedras basilares para um óptimo trabalho, ou será tudo isto fruto do acaso?

To be continued

domingo, 24 de outubro de 2010

O JOGO - A procura de Danoninhos

Neste ano, difícil para os Metralhas/Gold, por diversas vezes temos debatido o que nos tem faltado para sermos mais assíduos nas finais… neste momento, todos sabemos o que falhou, o que faltou e o que é verdadeiramente necessário. Sabemos as respostas e apesar de muitas delas serem do foro interno, gostaria de abrir o jogo numa asserção proferida pelo Máquinas (jogador dos Metralhas Gold)… “tem-nos faltado uns danoninhos”.

Analisando estas palavras… fiquei estupefacto, é verdade… penalizações, saídas (em jogo) fáceis e disposição relaxada nos obstáculos, são danoninhos… o problema é que são muitos danoninhos para se darem todos no mesmo desafio.



Já nas primeiras crónicas, escrevi sobre a importância da toma de decisões a volta da “mítica” Távola redonda. Agora equiparo os danoninhos ao santo graal e foi assim que viajei pelo mundo virtual, de forma a poder encontrar exemplos claros do que são esses danoninhos ou graalzinhos se preferirem.



Analisemos o jogo do Millennium-series 2010 em Málaga, que defrontou o S.L.Benfica aos SKMoscow, no seguinte campo (nomenclatura incluída):





Agora anexemos o vídeo do jogo










SK Moscow - Lisbon Benfica 20.05.10 (Malaga) from SK Moscow on Vimeo.



1º ponto – arranque SKMoscow

1 jogador directo para chamuça 2, os restantes vão a disparar e posicionam-se da seguinte forma:
1-A, 2-B e 1-1 (tempo vídeo 1:11);


SKMoscow efectua o seu 1º movimento, A para cobra 1 e B para C (tempo vídeo 1:13);
Chamuça 2 sai no pré (tempo vídeo 1:14);


O jogador em 1 sai na linha (tempo vídeo 1:15);


Apesar das penalizações ao Benfica, ficam dois para dois e Margott resolve (tempo vídeo 1:37 – 2:10);


Primeiro danoninho para o Benfica; ou temos efectivamente jogadores que fazem a diferença ou as penalizações podem custar muito caro… a minha vénia a Margott;

Benfica ganhava 1-0 SKMoscow


2º ponto – arranque SKMoscow

5 jogadores a disparar (tempo vídeo 2:58), que se posicionam da seguinte forma:

2 em B, 1 em A, 1 em 1, 1 em chamuça 1 (tempo vídeo 3:01);


O 1º movimento repete-se, A para Cobra 1 (tempo vídeo 3:02);


Nenhum jogador russo sai no prebacking, restam 3 jogadores do Benfica (D,1, Cobra1) (tempo vídeo 3:11);


B abre para D e 1 faz deitado para fechar avanços de Cobra 1(3:21);


Cobra 1 joga para 2 e cobre as costas ao deitado que joga para Cobra 1… ainda, B, joga também para Cobra 1, D joga para o seu espelho e Chamuça 1 procura alvos.;


É interessante, verificar como Sk Moscow retraiu-se após uma saída no primeiro ponto e mantém os jogadores muito próximos e com avanços cautelosos;


Segundo danoninho parao SKMoscow; aposta forte no prebacking e sem perca de jogadores; avanços cautelosos e muito fluxo de bola sobre os adversários.

Benfica 1-1 SKMoscow

3º ponto – arranque S.L.Benfica

2 jogadores directos e 3 a disparar (tempo vídeo 5:30), que se posicionam da seguinte forma:
1 em A, 1 em B, 1 em C, 1 em D, 1 em 1

Sk Moscow perde um jogador (Cobra 1) e ficam os restantes em D, 2 em B e 1 em 1;

Penalização grave no Benfica e ponto para os “Tovarish”;

Terceiro danoninho para os SKMoscow; e que comprova o que aconteceu no primeiro ponto, penalizações custam caro, Margott após o primeiro ponto parece que desapareceu;

Benfica 1-2 SK - Moscow

4º ponto Sk Moscow: 5 jogadores a disparar

2 em B, 1 em C, 1 em chamuça 1 e 1 em 1 (tempo de vídeo 6:40);


Benfica, posiciona-se 1 em a, 2 em B, 1 em c e 1 em 1;


Benfica perde um dos jogadores em B (tempo de vídeo 6:42);


Sk moscow movimenta C para 2, 1 para templo grande 1 e um dos jogadores em B para 1;


1 faz cobra 1 e consegue colocar outro jogador em chamuça 2, interessante verificar como os 4 jogadores do SLB mantêm-se colados aos obstáculos (tempo de vídeo 7:20);


Reviravolta do S.L.B em inferioridade numérica, o jogador em templo grande vai para o deitado, o chamuça 2 dos russos sai, Fedorov que se encontrava em 2, recua para D (quem disse que isto só se joga para a frente?);


Vão saindo jogadores, os russos arriscando mais e o Benfica mantendo organização defensiva;


Chegamos ao momento em que Fedorov fica sozinho para 2 jogadores do Benfica, Kemp mantém ocupado Fedorov enquanto Hugo formiga abre para as chamuças, Kemp não deveria ter arriscado tanto e paga a ousadia perante Fedorov… depois assistimos a um disparo fantástico de um verdadeiro sniper e Hugo resolve;


Benfica 2-2 SKMoscow


5º ponto...


Benfica sai com cobra 1 e chamuça 1 directos, enquanto disparam B, 1 e 2;


1 abre rapidamente para templo grande e Benfica arranca um jogador moscovita, apesar de que segundos depois o Benfica perde chamuça 1 quando este tenta ir a linha;


Moscow aposta nas chamuças… Benfica aposta na cobra;


Moscow mantém os jogadores em posições altas e confortáveis, o lado da cobra do Benfica tem dois jogadores em posições baixas (cobra 1 e deitado);


Do lado das chamuças, F.mendes sai e Formiga abre tentando manter seguro esse lado;


Apesar dos intentos, os russos mantém organização e posições cómodas o Benfica tenta atacar quando o mais fácil seria tomar a mesma postura do seu adversário;


Benfica 2-3 SK Moscow e com o tempo a finalizar o Benfica tenta mas sem resultado no derradeiro ponto;


Voltemos ao inicio desta nossa conversa, os Metralhas/Gold estávamos em penúltimo lugar do campeonato nacional e restavam duas provas.


Este jogo em particular ajudou-me a perceber e transmitir que danoninhos faltavam (para além dos psicológicos), tínhamos penalizações em momentos fulcrais, perdíamos organização defensiva quando o ponto se prolongava, mantínhamos relaxamento físico na nossa disposição nos obstáculos e tínhamos jogadores que eram capazes de fazer um ponto extraordinário, mas que posteriormente desapareciam do jogo… comemos e digerimos estes danoninhos o que resultou na nossa manutenção no maior escalão do campeonato nacional.


Ah esquecia-me… isto só foi possível porque nos piores momentos (que é quando efectivamente se verifica quem é quem) mantivemos uma união e uma força como poucos possam ter contemplado ate hoje.


To be continued

quarta-feira, 14 de abril de 2010

COMUNICAÇÃO (2)

“Respeita o teu esforço, respeita-te a ti mesmo”.

Após duas provas do Campeonato Nacional de Paintball e nas quais presenciei as finas do outro lado da rede, deliciei-me ao ouvir nesta última prova e bem de perto o que os finalistas comentavam antes do grito dos 10 segundos.

Retrocedamos um pouco no tempo, Beira-Mar e Benfica chegaram as finais utilizando métodos completamente opostos. Enquanto os primeiros jogaram em contra-ataque e utilizando alguns tiros cruzados para fazer cair em primeiro lugar um adversário, os segundos o fizeram claramente em domínio territorial desde o primeiro segundo e jogando pelas linhas.
Uns e outros foram claros merecedores da ansiada FINAL!!!

Primeiro ponto, encontro-me atrás do arranque do Beira-Mar e como é habitual nestes casos e na maior parte das equipas o que se ouve são palavras de incentivo… “vamos lá ganhar a estes gajos” ou “não vamos dar hipóteses…”.

Nada de transcendente, peculiar o facto de não utilizar adjectivos que menosprezem o adversário e sim utiliza-los somente para incrementar a atitude positiva dos Beira-Mar.

Beira-Mar 1-0 Benfica.

Segundo ponto e foi a partir daqui que encontrei formas de comunicar diferentes nos capitães de ambas as equipas e naqueles a que eu chamo líderes na sombra.

… encontro-me atrás (novamente) do arranque do Beira-Mar e ouço o Horto (capitão do Beira-mar)… “estão a ver o F.Mendes? mais parece um comboio a carvão, vou tira-lo no pré” o líder na sombra e mais conhecido por Canelas, continua com palavras de incentivo.

Beira-Mar tira o F.Mendes no pré e o resultado é 2-0 Benfica.

Terceiro ponto e ainda no arranque do Beira-Mar… Horto para um jogador da equipa “agora és tu que vais tirar o F.Mendes está mesmo a pedir que lhe acertes na cabeça”.

Beira-Mar tira o F.Mendes no pré mas o Benfica ganha este ponto (2-1).

Troca de campo e agora estou atrás do arranque do Benfica, Hugo – capitão do Benfica – procede a alterações de jogadores e não deixa entrar nenhuma segunda linha, palavras de incentivo e... “Tiago (coelho), deste lado o ângulo é completamente diferente, agora não te tiram”.

Bom arranque de ambas as equipas mas o tiro cruzado que se fazia do lado da cobra em direcção as chamuças aniquila o Tiago e o Hugo na compensação… resultado Beira-Mar 3-1.

Antes do arranque do Benfica para o quinto ponto… o F.Mendes manifesta as dificuldades que esta a sentir em chegar a base das chamuças ao que o líder na sombra (Tiago Coelho) responde “vais directo e vais chegar vivo” ainda “temos tempo malta vamos para cima deles”.

O F. Mendes chegou o Tiago Coelho fez um arranque impressionante e o Benfica ganhou este ponto… resultado Beira-Mar 3-2 Benfica.

Faltam segundos para acabar o jogo, sexto ponto e o Miguel Franco, o jogador mais em forma da actualidade, pergunta ao capitão… “Hugo o que faço? “ resposta “Não sei… mas desfaz o lado da cobra”.

O Benfica sem tempo e o Beira-Mar sem medo deu final do jogo e vitória final do Beira-Mar.

O que encontramos nestas formas de comunicação? Para além do lado cómico que podem ter quando temos os batimentos cardíacos em repouso, é impressionante que a comunicação foi sempre para dentro do grupo, sem tocar em factores externos do jogo (árbitros, campo, vento, bola, marcadores) e mostrando um auto-respeito enorme.

O respeito é um sentimento? sim, um pensamento? sim, uma mentalidade? sim.

Mas o que estas duas equipas mostraram neste jogo foi uma filosofia de vida!
Destaco o Beira-Mar neste momento, porque tem comunicado com resultados (vitórias em todas as divisões até chegar a Gold), tem comunicado com seriedade para o exterior e utilizando canais

que todos conhecemos mas poucos utilizamos.



O auto-respeito e o envolvimento dedicado de todos permitiu-lhes atingir o primeiro lugar neste CN e uma boa aventura além fronteiras.


To be continued

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

COMUNICAÇÃO

Lembram-se da primeira crónica?

• Gestão financeira;
• Gestão desportiva;
• Gestão comercial;
• Comunicação;

Sim, agora abordaremos a comunicação, como comunicamos? o que comunicamos? o que queremos comunicar? e de que forma o poderemos fazer?

A comunicação humana é um processo que envolve a troca de informações e utiliza os sistemas simbólicos como suporte para este fim. Estão envolvidos neste processo uma infinidade de métodos: duas pessoas em conversa cara-a-cara ou através de gestos com as mãos, mensagens enviadas utilizando a rede global de telecomunicações, a fala, a escrita que permite interagir com as outras pessoas e efectuar algum tipo de troca informacional… e muito mais…

No papel de emissores é interessante tentar perceber que imagens e sensações transmitimos aos receptores… como uma imagem vale mais do que mil palavras… vejamos o seguinte vídeo:


Acham necessário perceber o que eles transmitem verbalmente? Os “all black’s” fazem questão de mostrar pela expressão facial, corporal, verbal e pela disposição (normalmente em V) do conjunto de jogadores o que querem transmitir.
A quem diga, que normalmente antes de começarem qualquer jogo esta dança Maori, fornece-lhes a partida uns pontos de avanço, porque?

Coloque-se no ambiente visualizado e na posição de jogador da equipa adversária, é surpreendente sentir-nos – numa primeira fase – intimidados, assombrados e talvez com oscilações nos níveis de confiança.
Agora, faça o inverso e coloque-se na posição da equipa “opressora”… para além das sensações que transmite a equipa adversaria quais as que você despoletou em si mesmo? Subida dos níveis de confiança, tensão muscular positiva e determinação.

Muitos dirão que os All Black’s não ganham sempre e até que perderam inúmeras finais, mas o que é certo é que numa percentagem elevadíssima iniciam os primeiros 20 minutos de jogo na frente do marcador e normalmente disputam as finais das mais prestigiadas competições.

A volta da organização e com uma base sólida na gestão desportiva, criaram uma imagem (comunicaram) que posteriormente com transmissores “sociais” (por exemplo, jornalismo, relações públicas, publicidade, audiovisual e meios de comunicação de massa) possibilitou ficarem conhecidos no mundo inteiro; hoje em dia se falarmos em rugby o primeiro pensamento recairá quase sempre sobre os temíveis All Black’s.




To be continued

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

ENTREVISTA EXCLUSIVA "vejo o Nuno como um elo de ligação entre todos"

Hoje, o Tinta Lusa dá o privilégio aos seus leitores de poderem ler a primeira entrevista exclusiva com um jogador do S.L.B após a brilhante vitória em S.P.L (Millennium-Series-2009). Assim, teremos na “primeira divisão” da maior prova efectuada na Europa, um representante português e é assim que Nuno Lourenço, mais conhecido com o nome de guerra “Ossos”, fala-nos do trajecto recente do S.L.B e de alguma forma intimista destapa o véu para espreitarmos onde reside o segredo de tanto, tanto e tanto sucesso.


Tinta Lusa:
Iremos iniciar esta entrevista pelo fim… Após teres digerido a vitória em SPL, ou seja quando estavas sozinho e pensando no percurso brilhante que efectuaram, a que conclusão chegaste?
Ossos:
A digestão de vitórias como esta é sempre fácil, mas não podemos deixar as coisas passarem em vão. Eu tenho por hábito analisar todo o evento no caminho para casa, neste último tive imenso tempo entre aeroportos, aviões e escalas. Mas ponho nos pratos da balança o que ganhei e o que perdi.
O resultado, claro que foi positivo, ganhar SPL é de facto um feito único para nós e estar em CPL com uma equipa portuguesa é tão bom para nós como para o Paintball nacional.
Mas o que perdi também não deixa de pesar. Gastamos muito dinheiro, perdemos muitos fins-de-semana a treinar, dias de férias para ir aos Millenniuns, tudo isto pode parecer pouco, mas depois de 5 anos em que só faltei a 2 eventos, faz uma mossa bem profunda.



Tinta Lusa:
Sentes-te desgastado de alguma forma? Seja física ou psicologicamente?
Ossos:
Fisicamente pareço um senhor de 60 anos, os meus joelhos estão uma lástima, todas a provas são feitas a base de analgésicos. Psicologicamente penso que seja um bocadinho desgastante, já que é difícil estar longe do nosso lar durante 4 dias, há quem pense que são férias, mas de férias tem muito pouco, é preciso saber lidar com a pressão aturamos coisas que se calhar noutra altura não aturávamos e tentar gerir os escassos recursos financeiros… mas em contra partida ganhamos camaradagem o sentimento de união e família que dura toda a vida e que é o que realmente ganha jogos.




Tinta Lusa:
Já que “tocas” na parte emocional, ao nível de jogadores portugueses quais foram os que fizeram toda a campanha?
Ossos:
Eu o Hugo, o Gustavo (espanhol), o Tiago Coelho faltou a uma e o Miguel Franco a outra o Gil foi a uma prova. É muito importante irmos todos e sempre os mesmos para garantirmos coesão, visto que já estamos jogar com dois outsiders.



Tinta Lusa:
Como definirias a intervenção de cada um, ou seja, que analogia podes fazer com cada membro da equipa?
Ossos:
O Hugo é sem dúvida alguma o motor que põe a equipa a andar, é indescritível o que ele faz, arranja, mexe para que tudo corra bem paintbolisticamente, é um "one man show" como todos o conhecemos, tem o mérito de conseguir fazer com que as coisas aconteçam.
O Tiago é calmo, o “relax”, é indescritível a boa vibração que emana e isso dá segurança à equipa. Ver o Tiago stressado no Paintball é coisa que não me lembro de ver, contra boas ou más equipas o Tiago tem sempre a certeza que ganha.
O Miguel é o sangue que nos corre nas veias… é um miúdo que se o deixarmos não dorme e não sai de dentro dos campos... É a alegria em pessoa, sempre a contar histórias, sempre a fazer das dele. Tem um bom coração e se não se "perder" vai ser um óptimo jogador.
O Gustavo é o coração é a dedicação em pessoa. Foi-lhe dada a oportunidade de jogar connosco em SPL mas foi frisado que tinha de ganhar o seu espaço. Ele aceitou e desde então dá tudo o que tem e o que não tem em prol da equipa, um dos momentos que me marcou esta época foi vê-lo jogar como titular em Londres, parecia que tinha novamente 15 anos, estava no céu.

Tinta Lusa:
Vou ser algo acutilante contigo, considerado como a humildade em pessoa, antes de te definires, lanço o repto a que o faças como se te visses de fora, tendo em mente que humildade a mais também é vaidade.
Ossos:
(risos) eu de fora vejo o Nuno como um elo de ligação entre todos.. Sou um bocado o braço direito do Hugo, dou tudo o que posso e faço sacrifícios (como todos) pela equipa. Acho que ao fim de tantos anos ganhei o meu espaço e tento não desiludir... principalmente a minha equipa.



Tinta Lusa:
Vamos “disparar” um pouco, que jogo foi o mais difícil nesta caminhada?
Ossos:
Tivemos vários, mas acho que a final de Londres fica na memória, por ter sido contra uma equipa que nos derrotou nas preliminares e que estava recheada de Russian Legions. Foi um jogo disputado taco a taco, ponto para cá, ponto para lá, e no final foi ganho por quem teve mais calma, mais experiência, por quem queria mais. Lembro-me de ir para o último ponto e quando nos cruzamos olhei bem nos olhos deles e eles viraram a cara, nesse momento tive a certeza que a vitória já estava do nosso lado.
Existe também um jogo que perdemos, falo no jogo que nos eliminou na Turquia, porque não foram eles que ganharam, fomos nos que perdemos. Estávamos desconcentrados, não controlávamos zonas, foi muito mau.



Tinta Lusa:
Ultima questão sobre esta campanha, tem-se falado muito nos vossos americanos, gostava de saber primeiro se efectivamente fazem a diferença e qual deles te surpreendeu pela positiva e porque?
Ossos:
Tivemos 3 americanos, Scott Kemp(LA Iroman) ALex Savino(Infamous) e Nicky Cuba(LA Ironman), o que me surpreendeu mais foi o Nicky, mas de todos foi o que se portou melhor, foi o mais consistente para alem de que é o mais humilde, ajuda-nos e tem prazer em ensinar, o Scott e o Alex iam para lá jogar e pouco mais.
E na minha opinião tanto o Alex como o Scott só fizeram uma prova realmente boa, de resto penso que em Portugal temos quem faça igual ou melhor.



Tinta Lusa:
Retrocedendo agora mais um pouco no tempo, vocês são indiscutivelmente a melhor equipa do Paintball nacional, em relação a última época achas que o nível tem descido? O que falta as equipas para fazer deste campeonato uma disputa mais renhida com o S.L.B? Sim, porque vocês realmente passeiam por terras lusas.
Ossos:
Eu precisamente acho o contrário, o nível tem vindo a subir em Portugal, as equipa têm treinado mais e melhor, temos tido algumas derrotas. Penso que o que falta às equipas em Portugal é experiência e experiência não é jogar há muito tempo. Desculpem a modéstia, dizem que sou dos jogadores mais experientes, mas só jogo a 5 anos. Existe, de certeza gente a jogar há muito mais tempo. A experiência ganha-se a jogar com e contra os melhores. É ir lá fora, é saber que temos de ganhar e não podemos "morrer" custe o que custar, penso que a nossa capacidade de aguentar a pressão ganha muitos jogos.
Quando esta tudo empatado e falta pouco tempo ou o ponto é decisivo, habitualmente cai para o nosso lado.
É natural, habituados a fazer o mesmo mas contra equipas cheias de Russian Legions, ou X-Factor, dá-nos outro traquejo. Sabemos o que fazer, como agir, como jogar.
Ir aos Millenniun’s ajuda imenso qualquer equipa que pretenda ganhar... mas quando digo ir aos Millenniun’s, não digo pagar os voos, ir para um hotel, jogar, arrumar as botas e vir para casa, não!, é acabar jogos e ir ver CPL, é ser eliminado da prova e não sair das bancadas, em vez de ir passear para a Downtown.
Em relação a ter equipas que dão luta, a uns tempos atrás fui a uma prova para terras do norte, o denominado TRN e ao fim de 15 minutos de lá estar disse ao Hugo, "é por isto que eles ganham jogos", e disse isso porque em 15 minutos houve 2 equipas irmãs que não se calaram um bocadinho só, brincavam, falavam, riam, notava-se cumplicidade, coesão e ate de certo modo carinho e protecção. É muito difícil derrotar uma equipa assim, porque antes de quererem vencer o jogo querem proteger o colega do lado, equipas assim há poucas e as que há ganham sempre. Claro esta que é dos metralhas que falo.



Tinta Lusa:
Existe uma questão pertinente perante o vosso sucesso, fala-se em irmandade, união de grupo, família… fora do Paintball e até porque estamos a falar de pessoas muito diferentes com hábitos sociais também diferentes, vocês estão juntos? Todas as semanas? Todos os meses? estão em contacto?
Ossos:
Realmente é pertinente. Não estamos todos juntos diariamente ou semanalmente, estamos todos quando há treinos, provas ou por uma outra ocasião remota. Mas por exemplo eu falo quase todos os dias com o Gil, e falo com o Hugo regularmente o Hugo mora com o Miguel e fala quase todos os dias com o Tiago, eu e o Gil vamos muitas vezes ao bar do Filipe, o Pires esta sempre pronto para tudo mas tem a faculdade. Portanto, vamos comunicando entre todos na mesma. Apesar de não estarmos juntos todos os dias ou semanalmente, 5 vezes por ano estamos 4 dias 24 horas dia, ou seja, nunca nos separamos e é inacreditável o que as relações evoluem nestes bocadinhos, se calhar sinto o Hugo mais um membro da minha família, já que é uma pessoa com quem estou todos os dias e já conheço à mais tempo.



Tinta Lusa:
Outra grande curiosidade, treinos, treinam todas as semanas?
Ossos:
Gostávamos e fazia-nos falta, para combater em pé de igualdade com as outras equipas lá fora que treinam com 70 caixas por fim de semana, nos treinamos com 10 e é de 15 em 15 dias. Mas tentamos aproveitar ao máximo estas 10 caixas, treinamos muitos drills, pequenas coisas que em campo fazem a diferença. É uma chatice treinar, eu sei, mas é muito bom ganhar, portanto fazemos um ou 2 jogos para aquecer e depois treinamos drills, ate à exaustão. Há muita coisa para treinar, muito sitio onde ir buscar informação, eu penso que a maioria das pessoas que jogam, não está disposta a entregar-se á parte chata do Paintball. Mas assim sendo também não se podem queixar da falta de resultados.



Tinta Lusa:
Deduzo, pelo que dizes, que não treinam indoor, por algum motivo especial? Qual é a tua opinião sobre o treino em indoor?
Ossos:
Não treinamos indoor em primeira instância porque não temos nenhum que seja barato e nós já temos muitas despesas. Mas acho que o indoor é um sítio muito bom para treinar, mas nunca jogo. Drills, movimentações, snap, tudo isso é óptimo, uma hora por semana dava-me um jeitão. Acho que quem tem possibilidades devia aproveitar ao máximo.



Tinta Lusa:
Para rematar esta entrevista, gostaria que me enviasses uma foto do S.L.B onde tu vejas a vossa força e que dediques umas palavras aos leitores do Tinta Lusa
Ossos:
Primeiro queria agradecer a oportunidade de falar no único blog de Paintball em Portugal que não se dedica a contar as notícias, mas sim à formação de quem quer aprender e crescer. Aos leitores do Tinta Lusa, espero que aproveitem esta fonte de conhecimento e apliquem a vocês e às vossas equipas, eu já aprendi com este blog e estou sempre ansioso pelo Post seguinte, é um dos meus clicks diários. Informação em quantidade e com qualidade é de louvar este trabalho.

Tinta Lusa:

Obrigado Ossos!
TO BE CONTINUED

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

ESTATUIR A MELHOR AVENTURA (4)

Deixem-me partilhar a história de um homem que fracassou nos negócios com 21 anos, foi derrotado numa eleição legislativa com 22 anos, fracassou outra vez nos negócios com 24 anos, ultrapassou a morte da sua amada aos 26 anos, teve uma depressão nervosa com 27 anos, perdeu uma eleição para o congresso com 34 anos, perdeu – novamente – uma eleição para o congresso com 36 anos, perdeu uma eleição para o senado com 45 anos, fracassou na tentativa de se tornar vice-presidente com 47 anos, perdeu – mais uma – eleição para o senado com 49 anos…

No entanto, foi eleito presidente dos Estados Unidos com 52 anos…
O nome deste homem era Abraham Lincoln.

Quero com isto dizer, que somos frequentemente apanhados na armadilha mental de pensar que as pessoas de enorme de sucesso chegaram onde chegaram porque têm um dom ou algo espiritual. Contudo, um olhar mais de perto mostra que o maior dom que as pessoas de grande sucesso têm a mais do que as vulgares é possuir instintivamente uma grande capacidade de agir.
Instinto? Sim, do latim instinctu, é algo inato ao ser vivo, um tipo de inteligência no seu grau mais primitivo. Ele guia o homem e os animais que possuem um grau mais elevado na sua trajectória pela vida, nas suas acções, visando justamente a preservação do ser. Os instintos são adquiridos nas experiências vividas, no confronto com determinadas situações e nas respostas a elas, e então herdados pelas gerações posteriores. Eles se manifestam nos homens, na maior parte das vezes, através das reacções a certas emoções.

Perfil tipo dos jogadores; escolher jogadores é escolher instintos…antes de escolher os mais elevados tecnicamente, os velozes como trovões ou os que vos parecem ter um estilo de jogo espectacular, definam a vossa base (a quem fale muito em núcleo duro) com aqueles que possuem um instinto natural para a acção e o esforço; é nessas duas palavras que devemos ter à volta de – no mínimo - 40% dos jogadores.

Jogadores que não tenham medo de fracassar e que estejam dispostos a dar o exemplo… sempre… mesmo quando as coisas não correm bem.

Dentro deste lote, certifiquem-se que obtêm experiência o que normalmente acarreta know-how na metodologia de jogo e treino que queremos aplicar.

Agora, já temos um tronco forte e robusto com motivadores e persistentes estrategas, é a vez de aplicar sólidas ramas.

Na minha opinião a técnica deve ser acompanhada de uma boa energia (vitalidade física), velocidade e coordenação motora, procurem bases rápidos, cobras ultra-sónicos e muito técnicos… especializem os vossos jogadores, devem ter noção de como se joga em qualquer posição, mas tem que ter como alvo ser os melhores numa delas.

Se esta equipa se apaixonar pela organização e pela gestão desportiva do grupo, estarão apaixonados pela camisola, sim, as camisolas são as pessoas que as vestiram e as pessoas que as vestem com todo o projecto que elas representaram e representam.

É a paixão que leva as pessoas a ficar acordadas até tarde e a acordar cedo, é a paixão que leva os gritos de guerra a ouvirem-se!

Basicamente o que fizemos neste inicio de viagem foi simples… decidir o que realmente queremos; e, decidir que preço estamos dispostos a pagar para fazer com que aconteça, resta depois, pagar esse preço.

Sou fã da acção e da operacionalidade das e nas “coisas”, gosto de chamar às pessoas que sabem o que querem e que estão dispostas a pagar o preço necessário para o conseguir “as poucas que fazem” versus “as muitas que falam”.

“Se fizeres o que sempre fizeste, obterás o que sempre obtiveste” (anónimo)

Informação+acção = sucesso


To be continued